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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

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 Nos escolhemos para ser parceiros nisso, somos sócios. Não importa se lucraremos ou não, estamos juntos nisso.
 Primeiro escolhemos um lugar, geralmente um campo aberto, geralmente um lugar que prevalece gramíneos, não tem problemas ter ervas e poucos arbustos também, assim foi melhor porque não foi preciso desmatar.
 Quanto ao solo, precisa ser uma planície, nada de montanhas ou serras, a gente não queria ter mais trabalho.
 Depois fizemos uma prospecção, verificamos como é a área e se era realmente seguro começar ali.
 Muita gente prefere usar máquinas, mas nós queríamos usufruir do momento e o fizemos manualmente.
 Estendemos a mão um ao outro no meio da planície  algumas plantas brincavam com nossas canelas com a ajuda do vento, e o Sol se punha atrás de nós, nossa cabeças o tangenciavam de modo que nossas mãos dadas ficou bem ao centro dele.
 Pegamos nossas picaretas e fomos perfurar o solo. Pedrinha por pedrinha, o buraco aumentava, pedra por pedra o diâmetro ficava maior, pedrona por pedrona dividíamos nossos momentos rindo e nos divertindo.
 Muita gente gosta de usar explosivos para agilizar o trabalho, mas, não nós. A cada picaretada no solo ouvíamos o barulho da pedra quebrando, sentíamos pedras menores nos tocando. Cada picaretada nós sabíamos que estávamos mais próximos.
 Muita gente gosta de tirar os metais preciosos e vendê-los, ou gostam de reaproveitar a terra retirada pra outra coisa. Mas não nós, para nós, a cada picaretada estávamos mais perto do nosso objetivo e gostávamos disso.
 Já passamos do argissolo, do nitossolo e até do planossolo. Já saímos da crosta na verdade. Já estamos no manto superior. Ainda há muito por vir, ainda há mantos e muito mais.
 Entre uma picaretada e outra nossos olhos se encontram e sentimos a fraternidade. Os olhares nos motivam a continuar, as risadas nos dão força, os abraços nos confortam e o beijo nos dão energia, e assim continuávamos o árduo trabalho.
 No manto é mais difícil, o calor que emana da terra se dissipa pela pele, sentimos tudo que o calor permite. Mas nos olhamos nos olhos de novo. E o nosso olhar chega ser mais quente que tudo que já sentimos  nem o manto, nem o fogo, nem nada escalda mais que o nosso olhar, e não nos sentimos quente, não sentimos calor mais. Olhamos um para o outro e nos seus olhos vejo paz, tranquilidade e conforto, o mesmo acontece quando você olha para o meu. Nos olhamos um para o outro e não sentíamos mais o calor escaldante na nossa pele. Não sentíamos o calor consumir toda nossa pele nos deixando de presente gás carbônico pra respirar. Não sentíamos nossa pele em chama cálida. Sentíamos uma gélida tranquilidade.
 Depois de tantos olhares e escavadas, estamos quase no núcleo. Falta bem pouquinho. Nossa pele já se foi. O que não evaporou está derretida no cabo da picareta, estamos só nos músculos, e estes queimam também. Tem partes que conseguíamos ver ossos em nós. O calor já ultrapassava o tato, era muito brilhante e não conseguíamos nos ver. Então demos as mãos -o que sobravam delas- e assim continuamos  E ao sentir um ao outro, nossas ardências paravam, e estávamos seguros de novo.
 Finalmente! O núcleo. Nós, em brasa já, brilhávamos um ao outro, éramos brancos reluzentes. Finalmente tinhámos chegados, tinha sido uma boa viagem. Deixamos a picareta de lado e nos abraçamos com o que restou de nós. Nos beijamos com o que restou de nós, e o núcleo fez o resto do trabalho. Derretíamos parte por parte até nossa boca se derreter junto.O brilho era muito intenso, àquela profundidade só restava a cor branca. Viramos um líquido homogêneo e não passou muito tempo e evaporamos juntos. E não acabou aí, nossas moléculas viraram átomos e nossos átomos núcleos e elétrons. Não éramos mais nada. Éramos tudo.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Libertas Quæ Sera Tamen

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 Convoco todos os libertadores, todos que se esforçaram pela liberdade. Castro Alvez, Tiradentes, Princesa Isabel, Dalai Lama, todas as entidades que com esforço conseguiram liberdade de algum grupo.
 Convoco-lhes para anunciar que fracassaram, não há liberdade. Muito pelo contrário, o que temos hoje é um encarceramento bem maior que antes. Você não pode isso, eles dizem. Você não pode aquilo, eles gritam. Você não pode nada.
 Trabalhando e juntando dinheiro para comprar objetos que foram feitos por crianças em condição quase escrava na china. Você é refém do produto, elas também. Você é preocupado com o tempo, mede suas horas com os valores que inventaram, você mede sua comida, mede seu dinheiro, mede suas emoções. Você está preso às medidas, você está preso à imagem que você quer mostrar na sociedade.
 Não tem como fugir, e se pensa que o suicídio é solução, está errado. Você não pode suicidar, tem que pensar nos seus familiares, nos seus amigos, você é escravo daquilo que cultiva. Você não pode suicidar, tem tanta gente querendo viver, e lá está você, preso às pessoas doentes que estão morrendo.
 Pergunte-me como quebrar a corrente. Pergunte-me como ser livre. Pergunte-se se é livre. Vamos, pergunte!
 A morte espontânea, por outro lado, sussurra liberdade, a morte sopra com uma voz calma. O último momento de vida de uma pessoa deve ser o mais prazeroso. O último suspiro. O alívio. Em 10 segundos o corpo se desligará, 9, 8. Nunca saberemos o sabor do alívio final. Nunca teremos noção da liberdade. 7, 6, 5. Os produtos te possuem, o tempo te possui, seus amigos e emoções te possuem. E você, você não possui nada. 4, 3, 2. Você nem se possui, e quantos tentar se enganar a respeito disso, quantos se iludem em éter da religião e da pureza medieval, apenas para afirmarem que possuem controle sobre si mesmo. E quantos se baseiam na ciência, no conhecimento e no empirismo, apenas para afirmar que se possuem.
 Você não possui nada. 1 Corpo desligando, alma desligando, último suspiro desligando. A luz no fim do túnel. Caminhando em direção a luz. Chegando perto da luz. Finalmente.
 Liberdade.



segunda-feira, 23 de julho de 2012

RITUAL DE PASSAGEM

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Que jeito mais escroto esse que devemos crescer. Quando se é criança a liberdade flui quase que como uma fumaça densa em todos atos que fazemos. A liberdade de demonstrar sentimentos saía de uma lágrima de quando nos sentíamos tristes, a liberdade de errar evaporava quando quebrávamos aquela janela da sala, explodia a liberdade de escolha de ser o que quiser nas brincadeiras. Que puta jeito escroto esse que dizem que devemos crescer. Tenha um emprego, ganhe dinheiro, gaste dinheiro, não chore, não erre, tenha uma família, vá à igreja, eduque seus filhos para que sejam bem sucedidos. Puta jeito escroto. Puta sociedade escrota. Eu tenho pena das próximas gerações, pelo jeito que está hoje, é fácil falar que nos próximos anos, a luxúria, o consumismo, a "depressão", só tendem a aumentar. Nós dessa geração devíamos ajudar e proteger a próxima, mas tudo que faço é escrever neste blog.
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Engolido, mesmo podre engolido.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

As coisas e a outra.

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 Olhar desfocado, ando pela casa procurando algum apoio, algum assento, mas tudo parece desconfortável e inquieto. Ou sou eu? É a quinta vez que passo por esse corredor, passo o olho pelo armário, pelo piso, pelas lâmpadas, e nada me acolhe. No meu próprio lar e nada me acolhe. Durante esse tempo todo que passei trancado procurando conforto notei que algumas coisas me perseguem. Uma delas eu vejo pelo canto dos meus olhos toda hora, sempre que tento olhar fixamente pra ela ela foge do meu olhar, ela tem uma tonalidade luminosa, ela sorri e gira brincando, fugindo do meu olhar. Houve momentos que eu estive olhando para ela fixamente, mas eu não percebi, quando fui notar que era ela que eu estava vendo, ela fugia.    
 A outra coisa que me persegue está em todo canto que eu olho, está em todo ruído que eu ouço. Esta sim é cruel, não sei bem se usa roupas ou são pedaços de pele, mas ela tem traços sombrosos por onde anda. Parecem pedaços de tecidos que se arrastam ou flutuam no ar seguindo-a. Esta quase não anda, meio que se arrasta no chão, ás vezes dá grandes pulos, gruda no teto e desce como se fosse um catarro descendo um nariz, lenta e gradual. Esta nunca sai da minha frente, agora por exemplo quando digito estas linhas, sinto a mão dela no meu ombro, uma mão amiga, mas gélida. Ela gosta de se sentar na minha cabeça, e assim eu levo ela. Antes de eu ficar este tempo todo trancado aqui, eu passeava com ela, alguns podiam vê-la, e estes que viam também tinham uma por perto.
 Já faz um tempo que não vejo a reluzente nem pelo canto de olho, nem em lugar nenhum. Eu suspeito que a gélida comeu-a, pois a mesma está maior, e crescendo cada dia mais. E está chata também, me impedindo de fazer algumas coisas. Um dia desses tentei sair de casa e a sombrosa estava na porta, e não saiu e me impediu de sair.
 Tenho saudades da reluzente, eu gostava de ver ela nos olhos da outra. Esta outra, diferente das duas já citadas é real e física, é palpável, abraçável, beijável. Lembro-me que olhava para os olhos da outra, e lá estava a reluzente, girando em torno de si, com as mãos para cima e com um sorriso imenso na face. Nos olhos da outra, a reluzente não sentia vergonha de mim, e cantava-me músicas que nunca conseguia escutar. Ela era linda.
 Porém a outra, gostava de alimentar a minha sombrosa, eu bem me lembro que ela tinha uma também. A dela era pequena, mas ela gostava de ficar exibindo ela para mim, ela até colocava uma coleira na própria sombrosa e saía arrastando para alguns lugares. Mas o problema da outra era mesmo quando ela alimentava a minha sombrosa, atualmente minha sombrosa está grande e mais forte do que eu, assim ela me impede e eu na época da outra, previa que isso podia acontecer, por isso não gostava dela alimentando minha sombrosa. Mas ela entupia minha sombrosa de tudo, de qualquer coisa que encontrava pela frente já servia de alimento para a minha sombrosa.
 A outra tinha uma coisa legal, ela tinha uma reluzente também, e a gente ás vezes as via brincando juntas e era bom. Não posso negar que ela alimentava a reluzente também. Mas por Deus, a minha sombrosa está muito maior do que eu.
 Agora estou aqui, sentado nessa mesa, observando esta tela, e sentindo a mão da sombrosa no meu ombro. Maldita. E a sombrosa ás vezes me trás fotos, cartas e momentos da outra. Bendita.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

RELATOS DE GUERRA

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Um turbilhão de pensamentos. Nenhuma palavra sequer. Uma guerra da imaginação. Um avião soviético lançou uma bomba no reino da música, atingiu em cheio o Renato Russo, e pegou parte do braço do Sid Vicius. Enquanto isso, do outro lado, há relatos de que Soldadinhos de brinquedo estruparam ursinhos carinhosos na floresta da infância. Um fogo se alastra na cidade das lembranças, que já era bem pequena, agora é só o pó. Ouvi dizer que a corrupção da Nação Educação, fez com que jovens cidadões gastassem seu tempo no computador, ao invés de alimentarem seus conhecimentos. O caso mais grave, é o do deserto da Alma, os mais céticos dizem que não há nada lá, mas diz a lenda que há poucos sobreviventes se alimentando do que o deserto pouco dá. A ilha do sexo está se erguendo juntamente a da violência, pelos dados que obtivemos de peitos e bundas que habitavam a ilha, a cruel e impiedosa ditadora Luxúria se juntou ao Comandante Ira e juntos estão tomando todo o mundo. Tudo isso se agrava com o meteoro nomeado "responsabilidade" que atingirá o mundo em meados de outubro ou dezembro. Resultará em morte na certa.